sexta-feira, 27 de maio de 2011

Acima do peso, Suelen se recupera de cirurgia e admite que muitos clubes contratam "pela imagem"


Líbero tenta alcançar ritmo e boa forma física após cirurgia; futuro pode ser o Macaé
Lucas Prates/ Hoje em Dia/ Gazeta Press
As maiores líberos do voleibol brasileiro não são as mulheres mais altas em quadra. Camila Brait, do Osasco, tem 1,70m. A titular absoluta da posição na seleção brasileira, Fabi, do Unilever -, "parou" em 1,69m. Até aí, nenhuma novidade para a mineira Suelen. A diferença básica entre elas: além de mais baixa, a mineira que defendeu o Pinheiros/Mackenzie na última Superliga feminina de vôlei também supera as adversárias no peso: média de 30 kg a mais que as rivais.

A jogadora, que trocou a rede  - era levantadora, inicialmente - pelo desafio do passe perfeito na posição de líbero, não se importa muito com as comparações, embora admita que suas chances diminuem com isso.

- Não é um preconceito dos técnicos, nem das meninas que jogam comigo. Isso acontece entre as pessoas que comandam o esporte e, infelizmente, não entendem muito das regras. Alguns clubes relacionam seus contratos à imagem, e isso é bastante claro para mim.
Muito segura, a atleta de 24 anos admite que não ficou surpresa por não ser convocada por José Roberto Guimarães para a chamada "seleção de novas" - lista de jogadoras que se destacaram na última temporada, mas que ainda não conseguiram uma chance no grupo principal. As companheiras de Suelen que foram chamadas devem disputar a Yeltsin Cup - torneio de uma semana de duração na Rússia, em julho.

- Esse ano será importante para que eu possa, efetivamente, voltar a jogar. Na temporada passada, só fiz cinco partidas e fiquei sete meses afastada das quadras, tentando me recuperar de uma grave torção no joelho. Era previsível que meu nome não seria cogitado, neste caso. Penso muito na seleção, mas acho que antes de tudo, preciso retornar de verdade.

Suelen tem razão: o "encontrão" acidental com a ponta Ivna, durante um treinamento no Pinheiros, a afastou por um longo período. Ela mesma faz o balanço disso.
- Essa parada me prejudicou muito: perdi ritmo de jogo, condicionamento físico e as chamadas "portas abertas" na temporada, os possíveis convites bacanas. E ganhei peso, naturalmente, como qualquer atleta que fica parado. Agora, só quero voltar, mesmo que seja para um time de médio porte para jogar incansavelmente.

Fim do Pinheiros?
A maior preocupação de Suelen no momento é voltar à rotina. O que ela ainda não sabe é se o Pinheiros será mesmo seu destino. O clube perdeu seu maior patrocinador, no final da Superliga Feminina 2011, e somente no próximo dia 3 de junho, o futuro do time será definido, após uma reunião entre atletas e diretoria. Tudo o que se sabe é que o técnico Paulo Coco já se transferiu para o Vôlei Futuro, de Araraquara, e a levantadora da seleção brasileira Fabíola também aceitou a proposta do Sollys/Osasco. Suellen recebeu uma proposta do Macaé, uma das novidades da última competição nacional.

- Fomos todos pegos de surpresa. Algumas meninas já tinham assinado sua renovação de contrato, inclusive. Nosso próximo compromisso seria a Copa São Paulo, em julho. Mas até lá, já saberemos se o time permanece ou se desfaz, infelizmente.

Japão receberá Copa do Mundo de vôlei em novembro

Campeã da Copa São Paulo em 2009, campeã mundial pela seleção brasileira juvenil, em 2005 e campeã mineira em 2006 pelo Minas Clube, Suelen foi contemplada pela CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) com o prêmio de melhor passe da Superliga, em 2009, quando ainda defendia o "supertime" do São Caetano, juntamente com Mari, Fofão e Sheilla. Mas nem sempre foi assim: a reclamação de um técnico, que a achava "baixinha" demais para atuar como levantadora, a fez mudar completamente o foco  -aprimorar seu passe e transformá-lo num dos melhores do vôlei nacional.
Suellen, 450


Em quadra desde os nove anos de idade, já foi reserva de Ana Tiemi na seleção juvenil. Na mesma seleção, foi companheira de Suelle (foto), um dos destaques do Unilever, na última Superliga. E admite que sempre teve a mesma forma física, desde os seus primeiros toques em quadra, devolvendo as críticas de alguns jornalistas que cobrem o esporte.

- As reclamações do clube sobre meu condicionamento nunca chegam até mim, mas ao meu preparador físico. E é ele quem cuida de mim, para me manter num bom peso para jogar. Tem muito jornalista que não entende que estar acima do peso não prejudica tecnicamente o meu voleibol. E é isso que quero provar.

Enquanto a mudança de clube não é certa, ela continua sua temporada na casa dos pais, em Belo Horizonte, e seus pertences ainda estão aqui em São Paulo, até que sua transferência (ou permanência) seja definida. A explicação: o namorado de Suelen, que não teve seu nome revelado, é paulistano. Eles estão juntos há três anos. Mas ela garante que nada muda, caso tenha mesmo que partir para o Rio de Janeiro.

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